28 agosto, 2006

'Descobertas'



Tínhamos combinado ir ao cinema, mas para variar quem se atrasa sempre é ele. Decido então , ir até sua casa, na esperança de, talvez, o encontrar pelo caminho. Mas não. Nem sinal dele.

Toco à campainha.
Instantes depois ele abre-me a porta, ainda meio molhado, despenteado, com a camisa por apertar. Pede-me que suba e que espere enquanto se acaba de arranjar.

Chegamos ao quarto e só aí é que ele olha para mim…

- Bem, esse vestido… fica-te muito bem! Aliás tu estás linda…

Olhou-me várias vezes. Parou nos meus lábios, ainda brilhantes do batom que tinha posto em casa. Começo a brincar com eles só para o provocar. E consigo!
Em menos de nada tenho os lábios dele colados aos meus.

Mas pára para acender velas, e volta para me amar…

Parece que o cinema vai ter de ficar para mais tarde…

Ou para amanha talvez…

A medo, ele tacteia o meu corpo. Não que fosse a primeira vez, mas hoje é diferente. Começa a explorar cada pedacinho de um corpo que sabe que vai ser seu… aí sim, será a primeira vez!

Deixo-me dominar…

Deixo-me seduzir pelo toque suave das suas mãos na minha pele…

Deixo-me aconchegar no seu corpo musculado.

Hum…

A luz das velas espalhadas carinhosamente pelo quarto, dança ao som dos nossos movimentos.
Até que ele para!

- Tens a certeza disto?

- Talvez mais do que tu!

Olhamo-nos nos olhos pela última vez, antes de cedermos ao prazer que ainda não conhecemos.

Suspiro…

Pegas-me e sentas-me no teu colo. Primeiro com lábios. Depois com as mãos, pões as alças do meu vestido para o lado. Devagar faze-las deslizar pelos meus braços e pelas minhas mãos. Levanto-me. O vestido caí aos meus pés…

Agora é a minha vez!

Desaperto cuidadosamente cada botão da tua camisa e tiro-ta! O resto da roupa deixo por tua conta. Olho o teu peito e a tua barriga bem cuidada. As horas de ginásio que fazes não são em vão… Sorrio e fico satisfeita por saber que tudo aquilo que vejo vai ser meu, por momentos, ou quem sabe, para sempre….

Abraço-me a ti… o meu peito cola-se ao teu, o nosso calor mistura-se. As nossas peles tocam-se suavemente, os nossos olhos descobrem um corpo desconhecido. As nossas respirações ofegantes tornam-se numa só e as nossas almas saciam-se.
Provam o sabor do desejo que ambos não conseguimos controlar.

Os desejos, deixam de ser desejos. Passam a ser puro prazer…

...

- Estás bem?

- Melhor seria impossível!

21 agosto, 2006

Nada de olhares…

João esperava por ela, ansioso. Era sempre assim, parecia-lhe sempre a primeira vez.
Ao fundo da rua, finalmente ela começava a confundir-se com a escuridão. Caminhava devagar e séria. O cabelo esvoaçava sobre a sua cara, mas nem isso a levava a fazer qualquer movimento.
Chegaram perto um do outro e não se olharam.
Nada de olhares…
Nada de palavras…
Nada de desejos escondidos…
Mas assim que João sentiu o calor do corpo dela, aproximou-se e ao contrário dos outros dias, envolveu-a num abraço forte.
O beijo… esse só surgiu quando o abraço já não satisfazia, nem um, nem outro.
- Vamos?!
João, levou isto como uma ordem. Seguiu carinhosamente os passos dela.
E assim que a porta da velha casa, destruída pelo tempo se abriu, ambos se envolveram em beijos perigosos.
Sem olhares, sem palavras, sem desejos escondidos, deram-se por vencidos e deitaram-se no chão frio, rapidamente aquecido pelos corpos quase nus.
E porque desta vez tinha de ser diferente, João deixou-se dominar pela beleza da mulher que amou vezes sem conta.
Esta noite, ele seria dela.
Só dela!...